Tuesday, April 03, 2007

6ª questão - É justo culpar apenas o indivíduo pela sua situação social?

Antes que me achem simplista ou adepto das técnicas de motivação para o sucesso pessoal, vou colocar minha análise sobre a comparação entre o taxista e o empresário que acabei fazendo. Hoje em dia, está muito na moda o discurso de que para se ter sucesso na vida, só depende exclusivamente de nossos próprios esforços. Assim para alcançar nossos objetivos, devemos ter foco, disciplina, fazer mais do que os outros, mudar hábitos e formas de pensar negativas, etc... É o discurso da meritrocacia onde o indivíduo é recompensado pelo seu próprio esforço. No fundo, tudo isso é uma simplificação das idéias centrais da teoria econômica liberal: como agente econômico livre, o homem é capaz de mudar suas circunstâncias e produzir riqueza.
Estudando economia comecei a ter mais noção do impacto que a política econômica do governo tem em cima das pessoas. Um aumento da taxa de juros, por exemplo, influencia todo o setor economicamente ativo de uma sociedade. Se a taxa de juros sobe, o consumo cai, a produção diminui e o país gera menos riquezas. Por mais que os empresários e trabalhadores queiram produzir ou trabalhar mais, a conjuntura econômica não incentiva nem estimula um crescimento de riquezas.
Dessa forma, pegando esses dois pontos de vista e analisando a situação do taxista, podemos dizer que uma parte é fruto de seu próprio esforço. A outra parte vem das condições e oportunidades que foram oferecidas para ele melhorar de vida. Quanto representa cada uma em sua situação é difícil de mensurar.
Antigamente eu era meio intolerante em relação a essa questão e achava que quem era pobre é porque não tinha se esforçado o suficiente. Hoje em dia, sei que existem casos bem diferentes uns dos outros, sendo injusto culpar apenas as pessoas por não progredirem na vida.
Torço para o taxista conseguir melhorar de vida e que aproveite o máximo possível as oportunidades que apareçam. Ele não é um coitado nem mais uma vítima da desigualdade social do país. É apenas um ser humano como outro qualquer, que luta por uma vida digna e em busca da felicidade. Como já disse o Dalai Lama, temos de desenvolver cada vez mais a compaixão pelas pessoas, pois no fundo somos todos muito parecidos.

1 comment:

Anonymous said...

Eu diria um pouco além...
EU SOU VOCÊ.
Somos capazes de qualquer coisa, o que nos diferencia de um assassino? Se for analisar, nada, pois todos nós podemos cometer algum crime, como também somos capazes de criar algo de maravilhoso. Acredito que o que vale é a ATITUDE de cada um e como cada um se vê nesse mundo. Se o taxista se vê como vítima, ele precisa rever sua vida, agora se ele está feliz assim, quem somos nós para discutir isso?