Friday, August 24, 2007

37ª questão - 307 ou Fielder?

Outro dia conversando com uma amiga, percebi o quanto os bens de consumo realmente acabam servindo para demarcar e categorizar as pessoas.
Tudo começou quando esta amiga me contou que estava procurando um carro para comprar. A faixa de preços que ela queria pagar situava-se entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Dentro dessa faixa encontramos algumas opções de carros com diferentes perfis e posicionamentos.

Por isso ela começou a selecionar os carros, fazendo uma pesquisa mas mudando de idéia a cada mês. A sequência foi mais ou menos a seguinte: Meriva, Space Fox, Honda Fit, Peugeot 307 e Toyota Fielder. Foi ai que ela chegou num impasse. O marido adorou o Peugeot 307, não abrindo mão de comprar esse carro. Enquanto isso, ela se apaixonou pelo Toyota Fielder já imaginando-se sentada dirigindo pelas ruas.

Por conta disso, muitas discussões acaloradas vieram a se realizar. No começo achei um tanto quanto fútil brigar por um motivo desses. Mas só quando ela me contou o seguinte insight que me caiu a ficha:
"Eu estava saindo do trabalho, quando vi lado a lado um 307 e um Fielder. Comparei os dois e percebi que o 307 era moderno, esportivo, passava uma imagem mais jovem. Justamente a cara do meu marido. Enquanto isso, o Fielder era a minha cara. Passa a imagem de uma executiva já madura, que sabe o que quer, tem filhos e está em outra fase da carreira."

Ou seja, as brigas pela escolha do carro na verdade eram apenas a parte visível de uma questão muito mais profunda. O ponto-chave das discordâncias foi a diferença de valores que cada um do casal se identificou. Os aspectos necessários para afirmação de identidade eram diferentes e não convergiam num ponto em comum. Essas diferenças foram representadas num bem emblemático, que no caso era um carro. Muito mais do que escolher um carro ou outro, essa decisão envolvia privilegiar uma forma ou outra de personalidade.

Quanto a escolha do carro, isso ainda não foi decidido pelo casal. Assim que eu souber, conto em primeira mão qual foi o desfecho dessa história.

Thursday, August 16, 2007

36ª questão - Como fazer uma embalagem?

Esse post é sobre uma aula que tive no meu curso de Pós-graduação. A matéria chama-se Sentidos, percepção e design. O resumo da aula foi o seguinte:

Apresentamos as embalagens que escolhemos trazer e explicar o porquê dessa escolha. Apareceram muitas embalagens interessantes, sendo destacado a importância que o visual tem na percepção de uma marca.

Após as apresentações, fizemos um exercício de redesenhar 3 embalagens que trouxemos direcionando-se para o mercado da 3ª idade. Em geral todos tiveram os insights característicos de produtos voltados para esse público como: aumento da tipografia, utilização de cores mais suaves, adaptação do formato para melhor ergonomia, destaque para atributos importantes nessa faixa etária e porções menores para facilitar a conservação do produto.

Por experiência própria na área, sei que muitas vezes não é tão simples assim redesenhar uma embalagem. Uma das maiores dificuldades que encontrei foi a falta de briefing e posicionamento da marca. Antes de começar um projeto de embalagem, existe uma série de questões a ser pensada como:
- viabilidade dos processos de impressão,
- impacto do custo da embalagem no custo final do produto
- estratégia de marketing da empresa
- benchmarking com os concorrentes
- pesquisa de tendências e posicionamentos
- descarte da embalagem depois da utilização
- logística de armazenamento e transporte
- legislação sobre textos legais

Achei o exercício interessante porém, preferia que fosse realizado após um embasamento de todas as etapas do desenvolvimento de uma embalagem. Assim conseguiríamos chegar em resultados mais consistentes e efetivos para uma solução de embalagem.